segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MMXII

Um ano pesado que demorou a acabar.
O Inverno mais frio, o verão mais quente. A crueldade de mim comigo mesmo. As oportunidades que nunca mais voltarão.
A fossa que eu entrei, a fossa que eu sai. Meus amigos que me abraçaram e meus amigos que sumiram. As musicas que eu não aprendi, as brigas que eu não tive.
As surpresas que o acaso me reservou.

Mais um verão que tem que terminar, mais águas no outono, mais ventos no inverno, mais flores na primavera e mais um verão que vai começar. Mais um ano, vai ser meu décimo sétimo, já estou acostumado...

Altas pira agora, né...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Celebração à Felicidade - 1

Ao final de um show de música em Florianópolis ando com meus amigose amigas no banco de trás de um carro na Beira-Mar. Estava sentado na janela, só olhando o movimento, no rádio tocava Rolling Stones, eu acho...
O carro andava, e eu me lembrava. Lembrei de que eu estava com amigos, lembrei que a solidão que eu sentia antes era só uma opção e que agora consegui encontrar gente conversável, lembrei do show, da música, do vinho e dos abraços. E as memórias passavam enquanto eu via o movimento, ouvia a música e sentia uma coisa que me fazia sentir completo. O vento da janela aberta do carro, o braço escorado no puta-merda, tudo, tudo, tudo, tudo estava perfeitamente bem.

Descendo do carro parei um amigo meu e falei: "Porra Cara, fazia tempos que eu não me sentia tão bem!"

A Felicidade vem do Nada, satisfação pra caralho!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Grande Ironia

No laboratório de anatomia de uma universidade haviam vários e vários corpos, alguns inteiros, outros em pedaços. Os estudantes e professores já estavam acostumados com o cheiro do formol, dos aldeídos e com o frio dos refrigeradores.
Mas um corpo em particular chamava atenção. Era um cadáver aberto no abdome, com os intestinos pra fora. O tórax e os braços estavam intactos, dando pra ver várias tatuagens. Algumas tribais cobrindo os ombros, alguns símbolos aleatórios, mas uma dessas tatuagens surpreendia a todos...


No antebraço esquerdo do cadáver tinha uma frase escrita.
A frase era:
-"A Vida é Para os Fortes!"

domingo, 11 de novembro de 2012

O Faquir e o Samurai ou Memórias que Eu Tenho do Japonês Matsunaga No Período em que Ele Ficou em Florianópolis

I- Os dois andavam juntos pela praia do Campeche. Cruzaram toda Florianópolis para isso. Tinham nas costas mochilas e apetrechos para chimarrão. Começando a caminhar pela praia eu comecei a procurar conchas, e ele continuava andando, sempre andando para frente. Numa hora Matsunaga apontou pra dois morros no fundo da praia e falou "A gente vai para lá!!". E lá fomos nós dois. Ele lá, cara forte e resignada de oriental, sem camisa, mostrando o corpo robusto, o olhar obstinado por trás dos óculos mirando fortemente o ponto que devia ser alcançado. Eu lá, os cabelos compridos voando para trás, camisa do Jethro Tull branca, óculos escuros e olhando para baixo, de mochila e chimarrão nas costas, pernas magras, olhando para baixo, procurando conchas. Num momento começamos a perceber que o tal do morro estava longe, muito longe, mas continuamos andando. Aquilo era uma missão, aquilo era uma purificação para nós dois! Caminhar enobrece a alma, ainda mais junto de boa companhia! Um rato-de-praia abordou a gente perguntando se tinhamos isqueiro, a gente não tinha, mas em compensação conseguimos saber com ele o que é que tinha perto dos tais morros, era outra praia!
Ao sabermos da notícia relaxamos. Subimos nas dunas em meio à vegetação acucífoliada e maluca comum de dunas de praia e soltamos a mochila lá, entramos no mar. Entramos naquele mar gelado, aquilo sim era purificação! Um banho de água fria depois de uma longínqua caminhada, que satisfação, que alegria!!! Ao sair da água voltamos pras dunas, tirei uma garrafa de cachaça de dentro da mochila e tomamos uns tragos pra cortar a friagem, também foi montado o Chimarrão Sagrado da Praia que também esquentou nossas vísceras, como é bom ser gaúcho. Arrumamos a mochila, seguimos a caminhada, os morros estavam próximos, jogamos a garrafa no mar em homenagem a algum parente que morreu no mar! Chegamos na outra praia, a praia dos morros, a praia da Joaquina. Subimos parte do morro, assustamos gaivotas e pegamos um ônibus para voltar pro centro da Ilha. O importante é o trajeto e não o objetivo, ainda mais em boa companhia!

II- Os dois estavam sentados na Praça XV depois de caminharem por todo o centro de Florianópolis vendo barcos e mercados de peixe. Matsunaga sentou num dos bancos na frente da figueira e eu fiquei explicando pra ele a história da cidade e o porque dela ter nome de Ditador! Foi um momento bacana de discussão aleatória, falando sobre música, livros, videogames e essas coisas. Daí eis que passa uma garota ruiva, branquela, de saia vermelha florida e linda, linda, linda! Eu e Matsunaga instintivamente seguimos ela com os olhos e, quando percebemos que nós dois estavamos de pescoço torto, e rimos muito da situação. No meio da risada Matsunaga olhou pra baixo e falou, segurando o riso: "Saudades da namorada que eu não tenho!"

III- Faltava um dia pra Matsunaga voltar pra Terra dos Pé Vermelho e nós dois estavamos no quarto jogando videogame e lendo textos um do outro. Pergunto pra ele o que ele achava da minha ultima postagem. Ele disse: "Tá bem escrita, mas eu não gostei". Ele gostou, no fundo no fundo ele gostou. Acho que ele não gostou de ver eu me destruindo daquela maneira em cada postagem, em cada texto.
Passados dois dias da volta dele para sua triste cidade, interpretei uma coisa! Interpretei que: "Meu blog é um ciclo finito e destrutivo de auto-depreciação e auto-piedade!"

(MatsunagaBoy, meu caro, perdões por ter imitado teu modo de escrever nesse texto!)

(Post Escriptvn: Segundo informações do próprio Lucas Matsunaga, andamos aproximadamente 8,2 quilometros entre as praias do Campeche e Joaquina)

domingo, 4 de novembro de 2012

O Olho Roxo

O velho e barbudo Lord Darwin, depois de cruzar o mundo de carona em um navio, elaborou uma teoria interessante. Essa teoria diz que os seres vivos mais úteis pra espécie sobrevivem, enquanto os menos aptos estão condenados a uma vida de danação e possível extinção.

Certa manhã me olhei no espelho e um olho roxo. Um hematoma muito aparente embaixo no meu olho esquerdo. Não foi consequência de briga, de explosão de raiva ou qualquer coisa do gênero. O hematoma foi decorrente da mais pura babaquisse. Na noite anterior estava tentando tirar uma musica no baixo, levantei ele para tirar do colo e bati com ele na minha cara. Babaquisse pura, eu sendo único culpado pelo fato ocorrido.
Demanhã eu semi-acordado olhei pra minha cara. Estou magro, sempre fui magro. Barba rala de moleque mal-crescida, cabelo comprido e desgranhado. Acordei fedendo, com bafo e com aquele PUTA olho roxo!

Eis que anos e anos inclinações niilistas e de conhecimentos de biologia me fizeram lembrar de duas teorias interessantes. Uma, escrita por um lorde inglês barbudo rico e metido a viajante falava que as espécies se desenvolvem porque os mais aptos sobrevivem. Outra, escrita por um alemão topetudo e bigodudo todo zoado que morreu virgem falava que nem sempre os indivíduos mais uteis pra sociedade eram os mais uteis pra espécie. O maluco da Alemanha falava que as pessoas mais explosivas, mais impulsivas e mais retardadas eram as que tinham mais filhos e, por isso, eram a coisa mais útil para a espécie.

Ser bestão é o que gera a felicidade. Essa foi a máxima que eu tirei.

Eis que me lembro da minha condição. Eis que me lembro que eu só como, durmo, leio e estudo. Eis que eu me lembro que eu não tenho namorada. Eis que eu me lembro que eu não tenho caso nenhum. Eis que me lembro que eu não trabalho nem tenho meu dinheiro nem tomo muitas decisões verdadeiramente importantes por conta própria! Eis que me lembro que eu idealizo tudo! Eis que me lembro que vivo de imaginar!!
Lembrei que eu sou inútil pra espécie.

Aí o lorde inglês barbudo vem no meu ouvido e fala: "A Natureza seleciona os mais aptos!". Olho no espelho. Lembro das costelas, do fedor, da barba feia, dos cabelos, do olho roxo. O olho roxo!! Eu me machuco sem perceber. É a vingança da biologia! Eu me machuco sozinho por ser inútil pra espécie! Eu sou niilista por ser inútil pra espécie. Eu idealizo o amor e o sexo por ser inútil pra espécie!

Mas estou bem, estou bem. O mundo já tem 7 bilhões de pessoas pra realizar a manutenção dos genes. A mim nada custa ficar de boa, respirar fundo e seguir a vida. Ouvir Arcade Fire, escrever, idealizar amores e sofrer por eles. Prefiro ser inútil pra espécie do que negar aquilo que eu acho certo.
Apesar de ganhar hematomas no processo...

 



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Nova Parceria

Por meio deste post venho aqui avisar da parceria com o blog Trubiscos Rabiscados!

Este blog de divulgação dos desenhos de Marcela Müller, desenhista curitibana e uma das pessoas mais mágicas que eu já conheci!

Ah, para uma amostra de um dos trabalho dela, um retrato que ela fez de minha ilustríssima pessoa!


(Perdão a resolução da câmera...)

domingo, 23 de setembro de 2012

5100200798

Sentado na mesa com frio nos dedos Rigotti escreve.

Rigotti acha que sabe escrever. Rigotti gosta de andar de bando na rua. Rigotti é vegetariano. Rigotti tem medo de Florianópolis. Rigotti tem medo de não ter amigos. Rigotti gasta o pouco dinheiro dele com livros e videogame.
Rigotti lê livros que ele não gosta. Rigotti é sustentado pelos pais. Rigotti não trabalha. Rigotti faz vestibular pra Ciências Biológicas no fim do ano.
Rigotti se mudou com 11 anos de Porto Alegre. Rigotti se mudou com 15 anos de Curitiba, e tinha 15 quando se mudou de Maringá. Rigotti acha que sabe dirigir.
Rigotti escuta indie-folk quando tá frio. Rigotti escuta Radiohead, Los Hermanos, Mutantes, Bob Dylan, Rolling Stones e Sonic Youth quando não tem nada pra fazer. Rigotti lava louça ouvindo White Stripes. Rigotti não toca acordeon a mais de meses. Rigotti tem saudades. Rigotti toma chimarrão.
Rigotti morre de saudades. Rigotti já foi russeauniano. Rigotti tocando acordeon com os amigos na Praça do Japão. Rigotti tenta deixar a barba crescer. Rigotti tem o cabelo comprido, sabe que está feio e, mesmo assim, não corta. Rigotti escuta músicas e fica com saudade de Curitiba.
Rigotti é 68,75% italiano, 12,5% português, 6,25% índio, 6,25% negro, 6,25% alemão.
Rigotti se apaixona platonicamente. Rigotti se sente sozinho, sempre. Rigotti não tem namorada. Rigotti teve uma namorada maluca que não aguentou ele. Nenhuma guria amou Rigotti como Rigotti gostaria que amasse. Rigotti aparentemente não é digno da companhia de uma guria. Rigotti tem saudades de antigas paixões platônicas.
Rigotti não sabe escrever nada que não seja auto-biográfico. Rigotti bebe cachaça 51 e acha que isso é realmente uma boa ideia. Rigotti tem uma garrafa de cachaça 51 escondida encima do roupeiro mas nunca toma. Rigotti não fuma cigarro careta porque não tem dinheiro pra isso. Rigotti não fuma maconha porque não conhece ninguém que venda. Rigotti não quer mais entorpecer o corpo. Rigotti já quis ser budista. Rigotti está virando asceta.
Rigotti joga videogame. Rigotti passa o intervalo sozinho na biblioteca do colégio lendo Kafka e Bukouski. Rigotti acha que vai entrar em desespero. Rigotti já gritou no meio da rua sem motivo. Rigotti é um jovenzinho deslumbrado pelas artes e pelas ciências. Rigotti não acredita em espíritos, energias superiores nem no Deus Pai que está no Céus. Rigotti não acredita no fim do mundo
Rigotti quer viajar de mochilada. Rigotti tem certeza de poucas coisas.
Rigotti tem certeza da morte. Rigotti tem certeza da maldade do mundo. Rigotti tem certeza que Beatles é a melhor banda do mundo. Rigotti tem certeza de que a Esquerda é a melhor opção política. Rigotti tem certeza que vai lavar louça a vida toda. Rigotti fala sozinho lavando louça.

Rigotti se vê velho. Rigotti se vê velho. Rigotti se vê velho com uma bela barba branca e com os cabelos brancos armados. Rigotti se vê velho lavando louça com frio ouvindo indie-folk. Rigotti se vê velho em um apartamento lavando louça. Lavar louça é a única certeza do Rigotti.

Rigotti mora sozinho nesse apartamento? Provavelmente sim...

Rigotti, Rigotti, olha o ponto que tu chegou...



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Suspiros pelas Ruas

Triste anda eu. Eu triste de mochila nas costas com frio de noite em Curitiba. No concreto limpo da Avenida Iguaçu, bairro Água Verde. Estava triste.
Mas me lembrei dum sábio japonês, que andava pelas ruas de Maringá. Lembro que um dos seus clichês era abaixar a cabeça, passar a mão nos olhos fechados de oriental, soltar um longo suspiro e falar um definitivo "Ai ai, é a vida...". Um dia ele fez isso no asfalto artificial e novo da Avenida Tiradentes, Zona 1.
Lembre dessa cena e ri. Aceitei minha condição, percebi o quão estúpido eu tava sento e plagiei a atitude do sábio. Olhei pra cima enquanto o vento noturno gelado de Curitiba jogava meu cabelo pra trás e falei a definitiva frase. "Ai ai, é a vida..!"

Devolta rotina normal. Ando perdido nas ruas estreitas de Florianópolis. O sol aparece mais forte, o inverno está acabando. Descendo uma lomba em meio a obras públicas abaixei a cabeça, senti o fedor da maresia e da multidão e suspirei. "Ai ai, é a vida...".

Isso foi na Rua Jerônimo Coelho
no Centro

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Decadência

Esses ultimo meses tem me feito mal, muito mal.
Nunca fui muito de me valorizar. Nunca dei crédito as teorias da auto-estima, sempre acreditei na minha insignificância em meio aos homens e em meio ao Mundo e a sociedade. Meus trunfos se valoravam em uma meia duzia de conhecimentos que eu buscava incessantemente. Ainda busco, mas não sei mais falar.
Eu não me comunico mais como antes. Agora vem a vergonha, o medo da insignificância, a falta total de dialéctica e articulação frasal. Citações perdidas, gritos de desespero, tiques vocais repetidos incessantemente, vícios de linguagem, silêncios inoportunos. 
Os outros sempre tem mais a falar, eu sempre tenho mais é de ouvir. Aceitar as ideias alheias, achar coisas boas até nas mais podres latas de lixo. 
Não sei mais falar pela boca. Minha língua, laringe e garganta arranham, meu cérebro pena pra encontrar as palavras certas na hora certa, meus pulmões sufocam com as batidas sangradas de um coração coberto de cicatrizes e silêncios sufocados. E isso que ele ainda está bem jovem...
Só me resta falar pelos dedos. Pelas letras. Um amigo meu uma vez me disse que eu deveria me assumir escritor. Mas eu não sou escritor, escrevo para desabafar. Escrevo pra falar o que minha boca não consegue falar, por medo, vergonha ou preservação da ordem vigente. 
Minha decadência se reflete em mim. Acordo tarde, estou fedendo, ando pela casa morto coberto em moletons, nem sei mais como que está meu cabelo, só sei que está grande...
Todos meus amigos estão pareados, correspondidamente apaixonados. Todos belamente acompanhados na Praça Oswaldo Cruz, na Praça do Japão. Ele junto dela, ele junto dela, ela junta daquele, e eu... Eu lá. Eu sobro. Eu sempre. Todos juntos e felizes e eu parado, escorado. Meus cabelos enroscam nos galhos das arvores. Não tenho força pra preservar nem eu mesmo.
Como eu jovem posso me sentir tão cansado?
Algum sábio chinês falou que depois do ápice só se segue a decadência...

Céus, como se explica uma decadência que nunca teve um ápice...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Feridas e Caminhos

Sexta-feira. Ultimo dia de aula antes do recesso de Inverno. Hoje estreia o melhor filme do ano.
Lá pelas quatro horas saio de casa. Boina na cabeça, jaqueta e sapato social. Sim, hoje era um acontecimento importante.
Antes disso passei no colégio devolta. Tinha uma duvida que precisava ser sanada. Bem, digamos que a duvida foi devidamente respondida... Agora duas semanas de consciência tranquila podiam se apresentar!
Saio na rua. Florianópolis, oh Florianópolis. Ilha lindíssima, com toques bizarros e nome de ditador!
Chego na artéria coronária da cidade, a monstruosa Avenida Beira-Mar. O filme do On the Road ia passar na estreia somente num shopping lá longe, me avisaram q era no final da Beira-Mar...
Fui caminhando reto. Semana que vem vou pra Curitiba, preciso aquecer minhas pernas.
Fui caminhando lento. Vendo toda a extensão da Beira-Mar. As praças, as velhas caminhando, as não-tão-velhas querendo perder as pelancas, os casais. Fim de tarde de sexta-feira, até que tinha pouca gente lá. O panorama da Baia Norte, os morros, o mar, as praças. O fim-de-tarde-quase-noite...
Passado um tempo eu passo por um mangue na margem da avenida. Como que eu nunca vi aquele mangue gigante ali??? Olinda? Recife? Que nada, tinha um mangue caricatamente pernambucano numa das zonas mais movimentadas de Florianópolis e eu nunca percebi!!!
Anoitece, ficou frio. Passei o terminal do Trindade. Acho que nunca caminhei tanto ininterruptamente em trecho urbano... Apesar de estar de sapato social, mas sinto meus pés doerem.
Chego finalmente no shopping, compro meus ingressos. Sento num banco depois pra ver como meu pés estão. Contagem: duas bolhas, uma no garrão esquerdo e outra num dos dedos do direito. Até que foi pouca coisa...
Fui o primeiro a entrar na sala de cinema. Ir pro cinema sozinho é uma coisa tão estranha e ruim... (ainda mais com uma pessoa na cabeça)
O filme começou. Não vou aqui fazer critica nenhuma mais completa. Só digo que, apesar das falhas e da omissão de certas partes, ficou um filme bem fidedigno ao livro!
Termina o filme. Saio da sala de cinema e vou refletir na rua...
Acho que por isso nada comigo da certo. As coisas não dão certo porque elas não terminam. Acho que não gosto do ponto A ou do ponto B, mas sim de ir do ponto A ao ponto B sem nunca chegar no ponto B...
Nossa, tou pirando errado. Nessas horas que o Japa faz falta! Alguém pirando errado e vendo filmes com pira errada! O Japa é o unico beatnik puro atual que eu conheço!
Frio na rua, cabeça cheia. Meu pai chega pra me dar carona no heroico Voyage azul-tampa-de-panela.

E as luzes da cidade queimam, queimam como candelabros romanos durante a noite!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Apagado

De que adianta?
Alguns bons anos de existência respirante na Terra e nada. Não apto a atividades que requerem envolvimento profundo, dedicação ou sangue frio relativo.
Tu vai se feliz com ele! Sim, sim, sim. Vocês dois formam um belo casal! Mentiras pra mim mesmo, mim mesmo, mim mesmo. Uma vez foi assim. Duas vezes foram assim. Agora, meus estimados irmãos, a terceira...
Sempre se há outra opção. O guri é imaturo, não tem sangue nos olhos, sangue nas guelras, sangue nas veias. O guri não reage quando agredido. O guri fica culpado por querer as coisas. Como alguém que não se valoriza vai me valorizar?

Apagado, inerte, bosta n'água. Minhas feridas não amarelaram, não vão sarar. Estou subindo as paredes e gritando às brisas da maresia no meio da rua!

Não nasci pra ver o mundo pegar fogo...

Ela vai ficar bem com ele. Nunca vou fazer bem a uma mulher mesmo...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Prova de Literatura

Era uma manhã de inverno em Desterro. Aula, normal. Não dá pra mudar o fato de eu ser um moleque fracassado de ensino médio...
Penúltimo período da aula da manhã, professora de literatura ia entregar a provas corrigidas.
Lembrei da prova. Caia coisas sobre Modernismo de 22, mais especificamente uma análise do livro "Amar, Verbo Intransitivo" do genial Mário de Andrade (porque ela não cobrou Macunaíma, porque?!?!). A segunda questão discursiva pedia pra explicar o porque do nome do livro. Amar era verbo transitivo... E eu ia saber??? Em todos esses anos de colégio as aulas de gramática entraram por um ouvido e saíram pelo outro com uma destreza tremenda!
Se eu tentasse responder sério e enrolando, eu errava. Se eu deixasse em branco, eu errava. Resolvi ser criativo!

Professora entrega a prova, li denovo minha resposta genial!:
-"Oh, amores e gramática, duas imensuráveis incógnitas na minha cabeça!"
Do lado dela tinha um número zero bem simples escrito. Mas a professora, uma baixinha gorda, extremamente inteligente e lá com seus 35 para 40 anos, deixou uma notinha de rodapé na minha resposta!
-"Poético!"

Termina a aula, ia filar boia em casa. Saí na rua, estava menos frio, coloquei o MP-Coiso nos ouvidos. Fiquei andando ouvindo Vaccines.

I'LL WATCH YOU RISE ON MY BACK FROM THE GROUND!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Porque Desisti de Você

Desisti, essa é a palavra. Sangue de barata. Ratos, baratas, urubus e outros zoomorfismos da ideia de covardia. Pela falta de coragem o urubu come carniça, já diriam os velhos!
Um ano de solidão. Vivi a embriaguez daninha e o sonho de febre, provações ridículas para alguém normal, mas pesadíssimas para um guri de ensino médio. E eu te conheci depois da estrada!
Um ano sem urbes amadas. Volto para Curitiba num feriado pra relembrar os velhos tempos. E te conheci...
Voltei pro meu exílio, meu desterro, com tu na memória! Como num filme ruim, mantive contato contigo, e tudo parecia ser promissor! Sonho de febre! Por duas semanas, hoje desisti...
Neste exílios atenuados criei uma ideia errada. Larguei mão dos amores vãos. Não pergunte a mim sobre histórias de amor, é inócuo, improfícuo em suma, não sou capaz de amar mulher alguma e provavelmente não há mulher capaz de amar-me, Augusto dos Anjos falou alguma coisa desse gênero... Achei que a soedade me traria sobriedade, não trouxe. Mas me acostumei com essa ideia, fiquei relativamente confortável. Só um motivo me faria sair dessa zona de conforto maluca...
Em horas de pira criei uma imagem mental. Uma guria inteligentíssima, uma paisagem de inverno curitibana. Ela era sossegada, leve, sem pressões malucas e protecionistas de um relacionamento-padrão, só a presença e a companhia bastaria. Estaríamos nós dois sentados (Praça do Japão, provavelmente) falando sobre arte, desenhos, música. Fleet Foxes!!
Daí te encontrei, e vi em ti a personificação dessa imagem. Leve, doce, simpatiquíssima. Nossos planos rimavam, rima rica ainda! Ai, que erro. Me vi preso de novo em musas laureadas e platonismos adolescentes... A guria sutil-artista-que-escuta-Fleet-Foxes...
Mas o inesperado! Um amigo meu te ama! Daí me vi numa competição. Me senti mal por isso, profundamente mal. Odiaria entrar numa justa pela mão de uma donzela (exemplo ridículo)... Ainda mais se essa justa for com um grande amigo meu...
A guria que escutaria Fleet Foxes comigo num dia frio não existe. A guria que dividiria o apartamento poleiro-urbano comigo não existe. A namorada não-psicótica e não-ciumenta
Desisti, esse é o ponto. Não vai ser de um dia pro outro que o Urubu vai virar Leão! Mais fácil seguir minha vida quieto... Tou em outra cidade mesmo... Ver os dois felizes juntos vai ser bom... Vou ficar feliz com ela feliz... Assim eu não atrapalho ninguém... Isso tudo são mentiras, mas acalmam meu coração.
Colocar uma razão moral, assim pareço até um asceta... Buscar purificação pela dor! Tou cuspindo na cara do Nitchê mesmo! Essa é a situação mesmo...
O Urubu continua sentado no poleiro vendo a vida dos outros acontecer. Quando se sente sozinho, o Urubu desce pra gritar no ouvido de alguém. O Urubu nunca vai ser Leão!

En temps de guerre est le vautour de poulet...


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os Poetas Necromantes e Outras Pessoas que Conheci em Maringá

Maringá é uma cidade errada... Uma vila perdida num descampado na beira do Trópico e que, na cagada, virou a terceira maior cidade do Paraná! Lá o calor é quase sempre constante, em dias úmidos a neblina é pesada e tu não consegue enxergar um palmo na frente do nariz e a cidade toda parece ter surgido do nada e colocada lá artificialmente. Não é um lugar onde eu voltaria a morar...
Porém Maringá me reservou surpresas agradabilíssimas. Lá conheci uma meia-duzia de pessoas que literalmente salvaram minha vida e minha sanidade! Vou citar brevemente duas e profundamente outras duas.
Lorelai era uma menina doce e inteligentíssima. Pelo colégio (um colégio marista típico, retratos de Marcelino Champanhat e corredores velhos) falavam que nos dois eramos fisicamente muito semelhantes, coisa que eu nunca concordei plenamente. Hoje Lorelai tá em São Paulo, cursando moda... Outra pessoa que sempre me vem a memória é Júlia, filha de libaneses, era amiga da Lorelai... Faz um tempinho que não tenho notícias dela...
Mas, não adianta. Vou me aprofundar em duas pessoas que foram extremamente próximas! Uma era Varvara, com todo esse requinte eslavo e dostoévisko. Varvara era meio macho e preferia as mulheres. Varvara era mais macho do que eu!!! Ela viveu histórias complicadas e confundíveis, mas foi um ouvido aberto para a maioria das minhas piras erradas e memórias sentimentais! Cantávamos Raul, falávamos mal do funcionamento do colégio, das gurias aleatórias e da artificialidade daquele ambiente todo! Ela era de Cascavel...
Outro personagem que foi importantíssimo nessa minha passagem por Maringá foi um japa. Vou citar ele aqui somente pela alcunha de Japa. O Japa ouvia Pink Floyd e jogava BioShock e comecei a falar com ele no primeiro dia que pisei naquele colégio. O que houve foi a criação de uma mini-sociedade filosófica naquele colégio! A pira era sempre constante e errada, intercalando discussões sobre sociologia, análises de músicas e debates sobre Zelda!!! O Japa se criou em Brasília, e hoje mora com os avos e cursa o ensino médio em Maringá. Engraçado foi ver a troca significativa de filosofias que tivemos! O Japa me ensinou a amar a Estrada, a Viajem, a Liberdade e a Independência. Na mesma medida ensinei a ele o Cinema, a Pira Errada, o Desvairismo e todas essas correntes de fluído constante que só passam na cabeça de quem não pensa direito. Ao invés de absorver a serenidade oriental do cara, acabei passando pra ele a meu exagero latino...

Nas atuais condições:
-Lorelai: Mantenho contato ativo com ela. Planejo uma viajem para São Paulo pra ver ela denovo!
-Júlia: Sem notícias recentes...
-Varvara: Faz um bom tempo que não converso com ela, porém ela meu Augusto dos Anjos tá com ela e preciso reaver-lo!
-Japa: Atualmente o cara tá virando um poeta beatnik, um exemplo vivo de como mesclar arte erudita e pira errada!

Como pessoas maravilhosas assim foram surgir numa cidade tão horrível?

domingo, 29 de abril de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte VI (Maná dos Deuses Astronautas)

(...)

Acordei de susto com uma mensagem no celular!
Caralho, eu capotei e acordei agora! Nem senti o sono. E o sol já entrava forte pelas janelas!
Parecia que eu tinha mastigado um chinelo! Li e mensagem. Era do Messias
"Cara, me encontra na frente da empresa as 11:45."
Tinha que almoçar com ele... Ia ser a refeição sagrada pra viajem de volta! 
Eram 09:00... Resolvi dormir denovo...
10:40!!! 
Acordei desesperado! Os guris tavam dormindo no outro sofá! Me mexi rápido. Peguei minhas coisas. Me despedi de Isaac e Marvinícuis. Avisei que talvez aparecesse no apartamento dele depois. 
Saí correndo até chegar ao longo da longínqua Brigadeiro Franco!
Mal tinha acordado, nem tinha comido, agora ia almoçar. Essas rotinas em época de férias fazem mal pra cabeça de qualquer um... Andando meio perdido um cara me parou na rua. Fez um discurso bonito, falando sobre a demissão dele e me pediu comida... Virei minha mochila e dei minhas duas ultimas barrinhas de cereal. Acho que fiz a boa-ação do dia...
Continuei seguindo pela Brigadeiro. Passei o centro comercial, passei o super-mercado, passei a Kennedy. Ta lá o Messias! Apressei um pouquinho o passo e alcancei ele.
Fase do Refinamento: Onde vamos almoçar hoje?
Entramos num restaurante e quilo passando a Kennedy. Sentamos numa mesa, fomos nos servir.
Eu estava faminto! Cinco dias sem comer descentemente, vivendo de lanches e comida da mochila. No buffet servi um prato de estivador ou de pedreiro! Não lembro o peso que apareceu na balança, só lembro de ter pego tanta comida q fui passado pro buffet livre! Aí sim!!! Daí comi feito um frade, comi feito um rei, comi feito um porco, comi feito um filho-da-puta!!!
Tirei meu estômago da miséria. Certeza que emagreci uns bons quilos nessa viajem... Messias até se assustou com minha voracidade. Foi um momento reconfortante e alegre. No caixa dei o meu ultimo dinheiro trocado. Cash zero daqui pra frente. Minha viajem estava no fim. O ônibus ia sair daqui a duas horas.
Me despedi do Messias. Saí andandinho. Rodoviária não era tão longe assim, mas era uma caminhada...
Por abiogenes neuronial ou por pira mesmo, resolvi ir na casa do Marvinícius antes de sair! Mudei um pouco a rota e passei no apartamento dele. A vó dele ia chegar de viajem naquela tarde ainda. Conversamos rápido, uma última despedida. Ele disse que ia dar um jeito de passar um tempo lá na Ilha do Desterro. Ele me deu um pacote de bolachas e uma garrafa d'água. Me despedi com um abraço forte e seguí até a rodiviária sozinho.
Andando até lá olhei um muro na metade do caminho. Tinha pixado lá a frase "que a força esteja contigo"!!! Que animo que aquela frase diretamente aliterada do Star Wars me deu uma alegria gigantesca.
Cheguei na rodoviária. Plataforma interestadual. Desta vez não me atrasei.
O ônibus saiu. Tirei o On the Road da mochila, ia terminar ele no ônibus! A viajem seguiu, e parecia que eu tava num vórtice temporal, seilá. O tempo não passava. Podia passar minha vida inteira lá, lendo, bebendo água e comendo as bolachas de Maná sagrado que nunca acabariam!
Me perdi nas distâncias, não vi as cidades, morros e fronteiras e linhas imaginárias que dividem a terra em pedaços. A viajem duraria para sempre...
O sol caiu, estava nos últimos caítulos do On the Road. Sal Paradise já estava com febre no Mexico.
Já via as luzes subindo os morros da ilha. Já via a ponte. Desterro já se mostrava.
Voltei dessa viajem mais magro, mais feio, meu cabelo enroscado e a sola dos meus pés mais grossa.
Agora estava dentro da Ilha. Comi todas as bolachas que sobraram. Um banquete cerimonial. Sentei num banco da rodoviária. Terminei o On the Road...
Segui pra casa.
Agora era Desterro. Uma vida nova? Uma pira diferente?
Agora a rotina voltava. Preciso voltar pra CuriCity qualquer dia desses.



domingo, 15 de abril de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte V (Igreja Mundial do Poder de Thor)

(...)

Eram umas 06:20, ou menos... Era cedo pra caralho... Messias me chuta na perna pra eu acordar. Me acordei, olhei pra cara dele e achei que ele tava me zoando, dormi denovo... Messias me chuta na perna pra eu acordar... Daí eu lembro que o vagabundo de férias lá sou eu, e não ele... Me levantei, arrumei as coisas que tinha tirado da mochila e só naquela hora lembrei que o Messias tinha que ir pro trabalho, e por isso tinha me acordado (Céus, eu tava muito zonzo...)
O pai do Messias dava carona pra ele até o serviço. Messias trabalhava como recepcionista e quebra-galho numa empresa de paredes de gesso, era um empreguinho sossegado, ficava sentado a tarde inteira atendendo telefone, fazendo cálculos e contas, lendo HQ e jogando num emulador de SNES no computador da firma.
Chegamos lá. Nos despedimos e agradecemos a carona. Messias destranca o portão da empresa. Puxa o pesado rolete de ferro até alto e mantém assim. Começava o serviço... Os chefes do Messias só chegariam as 09:30, eram 08:20, eu decidi ficar lá até 09:15, tinha combinado de encontrar FracoFranco no centro, iriamos almoçar juntos...
Zanzei pelos sofás do show-room da empresa. Preparei um café forte, conversei sobre aleatoriedades. Foi engraçado ver o Messias todo comprometido atendendo o telefone:
-"Thiago, DW, Boa dia."
A hora deu. Os patrões estavam chegando. O projeto mal-feito de mochileiro vagabundo tinha que sair de dentro do Escritório, do Templos da Labuta! Dei um forte abraço no Messias, disse que queria vê-lo no dia seguinte, fazer um almoço descente e recolher a toalha que eu tinha esquecido na casa dele!
Segui pela Comendador Franco, segui reto. A caminhada até o Centro era longa, longuíssima!!! O sol estava com a intensidade fosca comum das 09:00. A Comendador era uma imensidão amarelada, mas eu me sentia só... Olhei ao meu redor enquanto andava, nenhuma pessoa! Não existiam criaturas humanas naquela rua!!! Só haviam carros e cachorros. A rua era minha, o único bípede. Lembrei da Putinha do Orwell, lembrei de 1984, Winston era o Último Homem da Europa e eu o Último Moleque da Euro-América Lusófona!!!
Cheguei mais perto do centro e os subúrbios começavam a ficar mais densos. Estava denovo perto de onde eu morava... Estava realmente cansado...
Entro na região onde morava. Chegar no Centro agora era fácil e simples e, como diria Lemisnki, conhecia aquela parte da cidade como a palma da minha pica!!!
Depois de um caminhada cheguei na Comendador Araújo!
O Centro de CuriCity é um dos lugares mais lindos e estéticos que eu já conheci! Os restaurantes e pastelarias dos chineses, os praças com pombos e ônibus, as pessoas andando em direção aos seus empregos passando por perto dos postes que tentam imitar lampiões do século XIX! CuriCity é a concentração urbana que mais me encantou!
Caminho por aquele labirinto conhecido. Lembro de conversas com amigos, beijos errados, filosofia barata, quentão no Inverno com amigos, o panorama frio e nublado e ventante que aquela região me lembrava. Mas agora era verão, parecia bem mais normal. Nesse clima atravesso a praça Osório, a Boca do Brilho e resolvo sentar nos bancos do Calçadão da XV! O lugar mais lindo de Curitiba! Sentei, liguei pro FrancoFranco e tomei um chá em lata que tinha guardado na mochila! Esse momento de introspeção tonta sob o sol ficará na minha cabeça pra sempre!
Estava combinado, encontraria FracoFranco na livraria do Shopping Curitiba e daí iriamos pro Montanha!!! A mochila estava pesada, e eu não sabia onde ir dormir essa noite!!! Resolvi voltar pro Água Verde e pirar no Shopping Curitiba antes do FracoFranco chegar! Fui numa das livrarias, fiquei lendo e vendo as piras que nunca poderia comprar e também liguei pra minha mãe, avisar que amanhã já estaria devolta em casa e que estava bem!
Nesse meio-tempo resolvi dar um abraço no Marvinícus! Não via ele dês da festa do sábado! Caminhei um tanto e cheguei no apartamento dele, o Antigo Eixo!!! Bons tempos de lego, Dead Space, música e pira!!!
Entro no prédio (o porteiro ainda se lembrava de mim!!!) e subo o elevador. Encontro ele recém acordado, ouvindo música no computador! Deixei minha mochila e minhas sacolas lá e me sento semi-exausto no chão do quarto dele. Pra relembrar os velhos tempos ficamos lá, falando sobre vida alheia, tocando violão e bandolim. O Eixo podia estar vivo...
Combinei com ele, iriamos nós dois dormir na casa do Isaac Rhovanion (Tenho Dívidas). Tive que sair encontrar FracoFranco. Abracei Marvinícius e disse que depois viria buscar minhas coisas.
Encontrei FracoFranco na livraria. Decidi sacrificar uma parte do meu dinheiro pra comprar um livro (Alice no País das Maravilhas). Seguímos nós dois andando sobre o sol de meio-dia da 7 de Setembro, matando as saudades dos velhos tempo!
Chegamos no Lendário Montanha! A lanchonete azul oriental de esquina que tanto nos salvou da fome do estômago e do frio da solidão! Pedimos os clássicos pro senhor oriental do balcão! Genial a ideia daquele velhinho do Nirrôn de abrir aquele lugar! Comemos discutindo aleatoriedades, falando sobre nossos fracassos com garotas (FracoFranco era tão azarado quanto eu, haha). Quanta alegria e pira naquele balcão estreito! Comendo o Xis-pastel e tomando gasosa, foi um almoço lindo, como a tempo eu não tinha!!!
Tinha combinado de encontrar João, Yurie Oda e Golias Macedo (Outro Gigante Amável) na praça Oswaldo Cruz, arrastei FracoFranco pra lá. Porém antes fomos na casa do Salvatore Garibladi (Uma Napa de Respeito).
Descemos a rua onde eu morava, Salvatore era praticamente meu vizinho. Subimos no apartamento e ele atendeu a porta com o irmãozinho mais novo no colo, um bilisqueta de um aninho e pouco. Depois sentamos no quarto dele. Salvatore era um nerdão dos computadores! Um homem das máquinas e das ciências exatas, jogava RPGs online. Foi uma alegria conversar nerdice e aleatoriedade com aquele cara que foi meu amparo e companhia em tantas decidas de rua depois da aula!!! Ficamos lá nos três sentados discutindo sobre Portal 2 e Final Fantasy. Mas o tempo era curto! João, Yurie e Golias nos esperavam... Arrastei FracoFranco junto comigo e me despedi de Salvatore com um grande abraço!
Foi um momento realmente divertido. Um revival das sextas-ferias sempre fodas com o João e os brothers metaleiros dele na Praça Oswaldo Cruz!!! Não tinha coca, não tinha comida, tinha só a gente pirando, falando mal de bandas comerciais, comentando literatura e filmes e deixando a tarde passar!
O sol começou a descer, Yurie com aquele sorrisinho oriental se despediu, Golias também entrou num ônibus e foi pra casa dele. Ficamos eu, João e FracoFranco sentados. Achamos um jornal duma igreja evangélica maluca e começamos a ler os "milagres" em voz alta, em som de troça! Foi uma cena linda e antológica!!!
Encontramos Marvinícius e Isaac. João e FracoFranco entraram nos ônibus e voltaram a suas casas.
Encontramos Rei Felipe e fomos com os amigos dele num restaurante árabe. Meu dinheiro estava curtíssimo e por isso resolvi não comer nada. As luzes da cidade já estavam acessas. Voltamos pra praça Oswaldo Cruz. Estar com os amigos do Rei Felipe era diferente de estar com os amigos do João, era um pessoal mais velho que eu, mais maduro e menos receptivo a moleques xaropes tipo eu...
O tempo passou, fui na casa do Marvinícius pegar minha mochila. Nos juntamos a Isaac e fomos até o apartamento dele. Subimos o elevador daquele prédio típico da avenida Iguaçu, entramos na porta deschaveada da cozinha. Era um apartamento meio sombrio, cheio de quadros antigos, tapetes grossos, fotos de ancestrais da família... O pai dele nos olhou com antipatia, pediu pra não destruirmos a casa, e foi dormir...
Ficamos nós três na sala. Roubei uma banana na cozinha (estava morrendo de fome...) e Isaac tentou organizar uma mesa de RPG. Não deu certo... Isaac era um péssimo narrador, eramos poucas pessoas. (Em Los Infiernos as mesas de RPG eram muito fodas...). Resolvemos ligar o video-game. Joguei um pouco de BioShock, me dentei num dos sofás. Pesquei.
Pesquei.
Cochilei.
Dormir
pesadamente...

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Porto Alegre

Em Porto Alegre o mato e as ervas crescem no meio das avenidas, o sol e o céu tem um tom diferente (sem motivo aparente), as ruas são amplas e cheiram a umidade e as luzes da cidade cintilam como estralas...

domingo, 11 de março de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte IV (Epigêneses e Funerais)

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Acordei naquele sofá gigante da mansão da Eduarda, eram umas 09:30. Uma janela-claraboia iluminou toda a sala. João tava desmaiado do outro lado. Fui no banheiro e lavei o rosto, fui na cozinha e comi um pão, fui na sala e acordei o João, fui no quarto da Duda e joguei Zelda... Foi uma manhã agradabilíssima, mas tínhamos que sair...
João empacotou o Wii dele e me fez uma proposta! Em nome da nossa amizade e camaradagem, ele me emprestaria (!!!) o Wii e os jogos... Até pensei em relutar, mas aceitei na hora! Amarrei sacolas plásticas na mochila pra aumentar a capacidade de carga.
Tinha marcado de encontrar Lazurte Tagliari e Floriano Magella (Meu Primeiro Amigo de CuriCity), ambos eram amigos meus de longuíssima  data, da época que eu era um nerdão anti-social e fazido-de-vítima. Saí da casa da Eduarda e entrei num ônibus com João! Eu não fazia ideia de quão afastada ficava aquela mansãozinha!
Cruzamos a Cidade de Leminski toda dentro dos ônibus, cruzando aquelas ruas como hemácias no sangue quente!!! A cidade se desenrolava sobre nossos pés e sobre os pneus dos ônibus! Chegamos no Terminal do Cabral e pegamos mais um ônibus pra chegar no Shopping Curitiba encontrar os guris! CuriCity, a maior cidade do sub-trópico brasileiro, uma cidade gigante, de moldes ao mesmo tempo vitorianos e huxleynianos!
Paramos na frente do Xis-Pastel Montanha, um estabelecimento lendário de CuriCity! Foi fundado por um imigrante japonês que teve a genial ideia de fazer um xis com um pastel dentro!!! Até hoje o velho japonês e o filho dele trabalham lá. O mais belo exemplar da culinária underground e de baixo custo curitibana!!!
Infelizmente não comemos lá... Floriano tinha me ligado, já estava no shopping... Saímos correndo até lá!
E que surpresa foi ver como Floriano estava!!! Ele estava BEM mais magro, BEM mais bonito e com um cabelo mais cheio! Estava muito diferente daquele moleque nerd gordo e de topétinho que eu tinha me despedido quando me mudei! Ele continuava inseguro, com um ar triste e assináptico e aquela fala simples de alguém que não sentiu a frialdade do mundo ainda. Foi ótimo reencontrar aquele companheiro de fossas antigas e nostalgias! Conversávamos e matávamos a saudade quando Lazurte apareceu. PUTAQUEPARIU!!! Não reconheci ele de primeira!!! Ele continuava com a mesma cara de gringo polenteiro, mas agora tinha começado a malhar! O que antes era um moleque tão magro quanto eu hoje era um orc, um colossi, um Atlas italiano do interior gaúcho (ele era originário de Ibirubá, que eu me lembre)! Que alegria foi ver aquele povo da velha-guarda! Sentados na mesa do shopping, saí e comprei uma garrafa de coca para alegrar a tarde, além de comprar meu almoço (um bom-bom de amendoim), voltei.
Praticamente como de surpresa, Romana de Lis (A Liberdade Genuína) apareceu!!! Romana era uma guria forte, alta, com um ar de coragem e auto-afirmação impressionante, mas com uma doçura, uma alegria e uma delicadeza rara de se ver hoje em dia! Tinha os cabelos ruivos raspados do lado e estava enrabixada com Háteras Oliveraleves. Ela estava acompanhada de um amigo (provavelmente ex-amante), o cara era praticamente um lorde inglês, com terno, colete e chapéu-coco, tinha o cabelo comprido preso com dois elásticos e unhas muito compridas, era uma figura rara e surpreendente aquele guri!
Eu e Romana tivemos um relacionamento brevíssimo, por mais que tudo indicasse que ela estivesse muito apaixonada por mim... Acho que eu, sim, sou um dos grandes desamores dela...
Vou divertido ver a reação do Floriano ao estar junto aquela gente reacionária, libertária, de roupas estranhas e mentes mais estranhas ainda!!! Tinha começado a chover. A coca foi bebida por completo, as memórias e as experiências de cada um foram jogadas naquela mesa, menos as de Floriano, cuja timidez impedia e de Lazurte, que só dava risada daquela gente maluca! Discuti sobre video-games com o Lorde Inglês e lembrei que tinha que ligar pro Messias!!!
Caralho, eu ia passar a noite na casa do Messias e tinha me esquecido!!! Liguei pra ele, ele estava no serviço. Disse pra eu aparecer as 17:00 na casa do Alexandre, pois ele precisava ir na universidade fazer uma prova de recuperação...
A mãe de Floriano ia chegar, desci com ele na chuva até onde a mãe dele chegaria. Larguei o povo e segui só com ele, pelos velhos tempos. Conversamos aleatoriedades perto da chuva, percebi que meu antigo amiguinho continuava o mesmo. Mas fiquei feliz, percebi que começava a nascer nele sensos de coragem e liberdade! O guri vai se libertar dos próprios fantasmas um dia! A mãe dele chegou, dei um abraço forte nele e me despedi!
Reencontrei o pessoal, mas daí estava atrasado.. Peguei minhas coisas, Flávia e o Lorde se ficaram por lá e eu, Lazurte e João seguímos em frente! Descemos a Buenos Aires e atravessamos a Brasílio Iitiberê, Lazurte seguiu o caminho do apartamento dele, me despedi dele também! Junto com João cheguei na casa de Alexandre. Me despedi de João, joguei minhas tralhas dentro do carro e segui com Alexandre e o Messias até a Universidade Federal do Paraná ouvindo Queen e tentando convencer eles de que eles não iam se atrasar!
Estacionamos, os dois foram fazer as provas. Messias e Alexandre cursavam Contabilidade, mas nenhum deles estava estimulado ou empolgado em seguir no curso, a prova disso é que ambos estavam indo fazer uma prova de recuperação! Fiquei sentado no centro do prédio das Ciências Contábeis ouvindo Arcade Fire no MP-Coiso e lendo Kerouac até que eles terminassem a prova... Os dois saíram com uma cara de bunda, claramente cansados e entristecidos. Junto com eles estava outro guri, um colega de curso deles. Seguímos até um shopping suburbano pra jantar. Meu dinheiro começava a ficar curto... Comi um cachorro-quente e fiquei satisfeito...
A casa do Messias ficava lá perto. Seguimos a pé. Fomos só nós dois, discutindo bobagens pela noite suburbana de CuriCity. Do nada recebo uma mensagem telefônica do Lorde! Uma mensagem muito longa e erudita falando o quão ele tinha gostado de me conhecer... Comecei a achar que o cara era bissexual... Deve ser paranoia da minha cabeça... Messias riu quando leu a mensagem!
Chego no sobradinho geminado da família dele cansado e com os tênis embarrados... Tiro os tênis e lavo-os. Nós dois subimos pra cumprimentar os pais dele. Deu pra sentir que o clima naquela casa não estava dos melhores... Entramos no quarto dele, mas antes ele me obrigou a tomar banho... Ok, ok, fazia 3 dias que eu não tomava banho... Quando se tá viajando, banho é a ultima prioridade...
Tomei banho, me senti um tantinho renovado. Fui denovo no quarto dele, ele tava jogando Uncharted e falando via-computador com a namorada dele, Carolina Bitencourt (Duquesa de Sul de Minas), que morava numa cidadezinha perdida no mapa, Lambari. Nunca imaginei que uma guria tão rara pudesse aparecer numa cidade perdida como aquela! Boa parte dos contatos dela em CuriCity nunca viram ela, menos o Messias. Na época em que FracoFranco viajou pra Los Infiernos me dar um alô, o Messias tinha entrado em ônibus de conexão e ido pra Lambari conhecer pessoalmente a amada dele! Os dois se completam dum modo simbiótico que chega a ser assustador! Mas a simbiose dos dois é uma coisa volátil e variável... Duas vezes já mediei discussões de semi-separação dos dois... Mas essas constantes brigas e troca de farpas parecem ser parte integrante da comunicação dos dois. Como ligações enzimáticas, eles se completam e se ligam do jeito mais torto possível, mas se ligam!!!
Os dois estavam tendo uma discussão boba, resolvi passar os CDs da Karina Buhr e do The Doors do Messias pro meu pen-drive.  A vida do Messias andava triste aqueles dias... Desavenças com a família, decepção no serviço, a escolha do curso de contabilidade cada dia parecia mais errada e o fato dele trancar o curso era só questão de tempo! Era horrível ver aquela alma sensitiva e curiosa sendo obrigada a se jogar em moldes pré-estabelecidos... Mas a essência do Messias era a mesma, continuava jogando video-game, ouvindo música, lendo HQs e valorizando momentos de encontro com amigos.
Conversamos um pouco sobre a vida alheia, sobre literatura e video-game e sobre as antigas aventuras do passado!
A mais de dois anos me comunico praticamente todo dia com ele via computador... Não sei como ele não encheu o saco de mim ainda!!!
Era segunda, amanhã era terça! Era um dia de semana normal, Messias tinha que trabalhar no outro dia. Ajeitei o lugar aonde ia dormir. O Messias dormir. Fiquei um tempo acordado lendo uma revista dele. Um almanaque oficial sobre Zelda! Me inteirei no assunto! Quando voltasse a Ilha do Desterro ia jogar muito Zelda no Wii do João!!!
Daí dormi, sem lembrar que tinha que acordar cedo. Era terça-feira, dia útil...

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte III (Equinócios)

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Domingo, CuriCity, 09:30, frio paracaralho! Metido no moletom que eu tinha levado no mochila fui até o shopping Curitiba procurando por um banheiro, fechado. Era domingo... Segui alguma quadras até algum outro shopping, fechado... Comecei a suar de calor, lembrei da variação de temperatura bizarra de CuriCity... Guardei o moletom na mochila. Fiquei vagando pelas ruas, a mochila pesando nas costas, a luz do sol batendo forte na minha cara, senti novamente a fadiga de vagante.
Larguei mão dos shoppings, fui até um supermercado perto de onde eu morava, o Mercadorama da Praça Ouvidor Pardinho. Fui naquele banheiro decadente. Tirei uma longuíssima faixa de papel-toalha (não tinha papel higiênico lá...)
Aliviado dos meus resíduos metabólicos, resolvi pensar no que fazer. Podia ir na feirinha hippie do Largo da Ordem, mas resolvi ousar. Peguei meu celular e liguei pra Elizabeth... Tuu..tuu..tuu... Ela atende! Que alegria ouvir aquela voz maravilhosa dela!!!
Elizabeth (nas palavras de Lorelai) foi meu grande, quiçá maior, desamor da minha vida! Muito fiz pra impressiona-la, ela me venceu pelo cansaço. Pelomenos ganhei uma grande amiga, uma pessoa que eu tenho confiança plena e admiração profunda!!!
Ela me atendeu, perguntei se podia aparecer no apartamento novo dela. Ela aceitou e me passou o endereço. Desci as ruas do Estádio do Atlético, passei pela reunião de carros antigos (era domingo demanhã), dei uma olhada de fora no meu antigo prédio, a espectral lembrança de eu descendo a rua com meus amigos e falando merda depois da aula... Segui reto mais um pouco. Cheguei na rua dela (que, por sinal, é a mesma rua em que o Alexandre mora...) e procurei o endereço. Me perdi, eu acho. Procurei mais e achei aquele predinho verde setentista, era aquele!!!
Ela desceu, que alegria, que felicidade!!! Lá estava ela, aqueles olhos castanhos e aquele sorriso capaz de amolecer o coração até do mais fleumático dos capitão vernianos! Abracei ela e subimos no apartamento, um apartamentinho lindo, aconchegante e enxuto, onde morava ela, a mãe e a irmã, mas ambas não estavam lá. Soltei minha mochila, coloquei meu MP-Coiso e meu celular pra carregar e ficamos conversando. Conversando muito, por muito tempo, sobre os assuntos mais diversos, dos mais profundos aos mais aleatórios. Resolvi me mostrar um bom visitante e resolvi passar café. Descobri que só sei fazer café forte! Depois de uns erros ridículos no processo, o tal do café ficou pronto. A mãe dela apareceu (Tia Rita, um amor de pessoa), ficou surpresa de me ver depois de tanto tempo! Teve um período antes de eu me mudar em que eu ia muito, muito direto no antigo apartamento delas!
Tia Rita se experimentou meu café, e elogiou. Algo me diz que ela tem uma pira em ver as filhas endireitadas com algum rapaz bacana. A mais velha namora meu antigo professor de música, mas Elizabeth não ta nem ai, e no fundo, no fundo, certa ela!!! O tempo passa e Tia Rita sai denovo. Continua aquela jogação de conversa fora, tanto lindo e tão épico. Graças aos Deuses me curei da apaixonite bizarra que eu tinha por aquela taurina de voz hipnotizante. O senso-comum torto diria que era impossível não ter rolado nada entre dois jovens solteiros sozinhos fechados num apartamento, mas não, não rolou nada e fico incrivelmente feliz e orgulhoso por isso!
Depois de um tempo saio de lá, ela tinha seus compromissos. Agora precisava fazer minhas ligações e ver como seria minha tarde!
Ligo desesperadamente pro João das Interwebs! Depois de uns minutos de negociação convenci ele a ir até o shopping Curitiba! Tínhamos combinado de passar a noite da casa de Eduarda Guanabara (Carioca descariocada). João chegou em meio a chuva, e rapidamente entramos num biarticulado e fomos até o terminal do Cabral. Fomos na casa dele descansar um pouco e pegar a alma da festa, um nintendo Wii! Passei o fim da tarde na casa dele, num subúrbio curitibano perdido e maluco vendo videos de meme, discutindo sobre música, planejando piras futuras e comentando a vida alheia!
O pai dele nos deu carona até um terminal de ônibus que eu não sei onde fica, e de lá encontramos Eduarda e fomos pra casa dela, que eu também não sei onde fica!!! Foi engraçado ver ela depois de tanto tempo! O namorado novo dela tinha mudado ela, pra melhor! Ela parecia mais madura, mas engraçada. Tinha perdido aquele jeito de guriazinha perdida que tenta de tudo pra se afirmar, agora estava segura, feliz e um pouco mais sensata!
Chegamos na mansão nova da mãe dela! Era uma mansão mesmo!!! Uma casa ostensiva, gigante e decorada com um estilo novo-rico bem enxuto! A família dela era legal, a mãe dela era simpática, com umas pitadas de peruísse, o padrasto super receptivo e fã de Pink Floyd e a vó dela, caramba, que avó!!! Parece que a idade só engrandeceu aquela senhorinha que tu julgava ter 17 anos!!! Mas não uma jovem de 17 anos em 1950, mas uma jovem de 17 anos de 2012!!! Vendo sites de memes, vídeos no YouTube, modernizando-se com os tempos. Um exemplo a ser seguido.
Ficamos lá nós três, o antigo trio, como nos velhos tempos. Eu, João e Eduarda, jogando Zelda e Pikmin, falando aleatoriedades e deixando que a inocência de nossas cabeças gerasse coisas imprevistas! Eramos crianças genuínas, e foi tão divertido aquele lampejo de infância!!! Duda insistiu e pagou uma pizza, e que pizza deliciosa!!! Acho que nunca comi uma pizza tão saborosa e tão substanciosa, talvez fale isso pelo jejum da viajem, mas acho que foi porque estava deliciosa mesmo!!!
Ficamos acordados até um bom tempo bebendo Coca e jogando e vendo videos no YouTube. O sono pesou sobre meu corpo...
Explorei a sala da mansão (que era maior que o meu apartamento na Ilha do Desterro!) e subi as escadas. Lá tinha o maior sofá que e já vi na minha vida!!! Um sofá gigante, reto, retangular, geométrico. Sentei nele, deitei nele, dormi nele. Acordei com a Eduarda e o João me sacudindo e mandando eu escovar os dentes. Escovei os dentes, roubei um cobertor e dormi dum lado do sofá, e o João dormiu do outro.
Eu, essa figura torta e comprida coube dum lado. E o João, aquele gigante cabeludo de 1,95 m coube do outro, e ainda sobrou espaço!!!
Dormi profundamente dum jeito que fazia tempo que eu não dormia!!!

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte II (Hey, Listen!)

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Acordei maravilhado. Acordei deitado no sofá, eram umas 08:30 . Levantei e para manter o hábito e o vício, passei um café bem forte, pra animar meus ânimos. Agradeci a Thor pela minha resistência natural a ressaca, fui no banheiro e dei aquela mijada amoníaca pós-bebedeira!
Passei manhã e tarde todo o tempo na casa de Alexandre. E foi demais!!! Improvisamos almoço, andamos pelo subúrbio da fronteira do Água Verde com o Rebouças, recebemos visitas, jogamos video-game, compramos coca e pão, vivemos nossas vidas por própria conta, senti o prelúdio do dia de minha independência.
FracoFranco estava lá junto, dormiu no outro sofá. Hoje ia rolar a festa de aniversário dele! Festa que foi o grande motivo de eu ter ido para lá! Mas era detarde e ainda demoraria a nossa carona chegar.
Tentei ligar para Elizabeth Palaciogarcía (Ex-Rainha dos Meus Sonhos), mas ela não me atendeu...
Recebemos informações das caronas! Alexandre levaria a namorada, a irmã dele e uma amiga, além do GagoGazi Johnson (Uma Indelével Marca). O pai de Marvinícius levaria eu, FracoFranco, Barbarela, Rei Filipe, O Messias, além do próprio Marvinícuis.
Nossa caravana parou no terminal do Cabral (que, por sinal, vai ser bem importante nos 'próximos capítulos'). De lá pegamos os ônibus que nos levariam até a casinha do meio do mato do FracoFranco!
Chegamos nas proximidades e pulamos do ônibus pra recolher uma amiga dele, a Saria. Uma guria mágica, uma pessoa que tu não acreditaria que morasse naquele fim-de-mundo, ela foi uma das maiores alegrias da festa!
E seguimos nós saltitantes até a cabana do FracoFranco, a divisão do Alexandre já tinha chegado! E lá estava o GagoGazi, que alegria tive em reencontrar aquele filho-da-puta!
A festa começou!!! Tirei meus calçados, queria sentir o frio do mato de pés descalços). O Messias instalou o PS3 (Deus) em uma televisão e FracoFranco instalou um Nintendo 64 (Jeová) em outra! A nerdice, a eletricidade, a comida e a conversa fluíam maravilhosamente! Alguns acordes perdidos de violão rasgavam a festa, havia coca e vinho e alegria e risadas de todos os lados. A festa se complementou com a chegada de Háteras Oliveiralves (Capitão Sem Brigue) e Tulheco, e esses piratas perdidos traziam rum e mais vinho!!! Fizemos um torneio de Marvel vs. Capcom 3, ganhado pelo Alexandre! Tulheco fez desenhos, estava já embriagado. Resolvi testar meus dotes de cozinha experimental e preparei várias e várias doses de café com rum! Que delícias tava aquele negócio!!
Fomos saltitantes levar Saria na casa dela, e lá estava eu de pés descalços no meio daquela estradinha rural. Era um caminho lindo, era 02:00 da madrugada!!! Conversávamos, riamos, cantávamos, contávamos piadinhas sem-graça (principalmente o GagoGazi!) e pulávamos uns nas costas dos outros! Eramos um bando de crianças descobrindo a realidade do mundo e vendo que a realidade podia ser menos cruel e que nós podíamos ser menos cruéis com nós mesmos!!!
Chegamos devolta a casa. O Messias estava trêbado, eu estava dormindo em posição fetal no canto de um sofá, as gurias tinham ido dormir, e uma galera tava lá acordada jogando Castle Crashers! Acordei com minha perna doendo por ter ficado dobrada e com meus pés congelando no frio e no sereno! Háteras, Tulheco, Rei Filipe, Marvinícius e Barbarela desapareceram, voltaram pra civilização sem eu ver. Me esparramei no sofá, podre e doido...
Acordei rapidamente, com FracoFranco jogando do meu lado, GagoGazi e o Messias conversando. FracoFranco lembrou que tinha que ir para o serviço (trabalhava numa livraria agora!) e Alexandre reuniu eu, a namorada dele, Messias e GagoGazi dentro do carro e lá fomos nós devolta a CuriCity! Nos despedimos calorosamente de FracoFranco e seguimos viajem! Ficamos ouvindo Confraria da Costa e pirando! Largamos o Messias na casa dos pais dele.
Alexandre perguntou onde que eu queria que ele me soltasse. Era domingo, 09:30 da manhã. Não tinha combinado nada com ninguém. Pedi que ele me deixasse na Praça Oswald Crux.
Me despedi do pessoal no frio matutino curitibano e se iniciou o que seria o domingo menos domingo da minha vida!!!

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte I (Senza Confini)

Mal parei direito na Ilha do Desterro e o uivo lancinante da Estrada já se fazia perceber nos meus ouvidos! Estava de saída para CuriCity, onde vivi longos e agradáveis 3 anos e meio. Sexta-feira saía meu ônibus. Organizei alguns posos, porém não todos (queria um pouco de incerteza nessa viagem)! Enchi com roupas, livros e comida a velha mochila da Telecom Italia Mobile (Vivere senza confini) da época que meu pai trabalhava lá!
Levantei cedo e fui correndinho até a rodoviária. A viagem foi tranquila, mas cansativa... Paramos em dezenas de rodoviárias microscópicas e ficamos um bom tempo parados na Vila da União! Depois disso teve a subida da Serra do Mar. Ah, que subida maravilhosa! Os morros, a paisagem, a pressão batendo nos ouvidos e a alegria de ver uma imensidão estética e ter a certeza de que perdida no meio desses morros, existe uma cidade onde tu vai parar e ficar por um bom tempo!!! A estrada entre a Ilha do Desterro e CuriCity é linda, muito, muito linda!
Na entrada de CuriCity o ônibus começou a demorar. Um engarrafamento gigante na Avenida das Torres, lembrei que estava indo pra maior cidade do Sul do Brasil! Com 40 minutos de atraso cheguei na rodoviária e sou recepcionado com uma nebulosidade e uma garoa gelada tipicamente curitibana. Estava indo encontrar meu amigo Marvinícius e a namorada dele, Barbarela Satúrnia (Sagitariana Caricata) e tive o prelúdio de o quão cansativas seriam as caminhadas nessa viajem! No caminho encontrei Yurie Oda (Uma Das Mais Doces Filhas do Sol Nascente), foi realmente legal encontrar pessoas sem prever! Encontrei Marvinícius e Barbarela numa livraria e Barbarela parecia outra pessoa! Ela tinha mudado muito dês de a ultima vez que a tinha visto! Fiquei sabendo de uma festa que aconteceria mais a noite, mas não soube responder se iria. Mais tarde encontrei Alexandre Wayne (o Vigésimo Segundo Homem-Murgueço) e o Messias! Estava combinado previamente que passaria a noite na casa de Alexandre, e fomos eu, ele e o Messias até lá. Ficamos um tempinho conversando aleatoriedades, compramos coca-cola e passamos café.
Mas dai um dos eventos mais divertidos e inesperados aconteceu! A festa que Marvinícius tinha falado FOI ANDANDO até a casa de Alexandre!!! Movidos também pelo fato do organizador da festa, Rei Filipe (O Químico Truão) namorar a irmã do Alexandre. Resolvi acompanhar a festa, porém Alex preferiu ficar na casa dele! E QUE FESTA!! Estavam lá Marvinícius, Barbarela, Tulheco, FracoFranco, Rei Filipe e mais um pessoal!!! A festa podia ser interpretada como uma festa surpresa de aniversário pro FracoFranco (por mais que a festa oficial estivesse marcada pro sábado)! A festa do sábado foi a grande motivo que me levou a ir até lá!!! Mas, voltando. Segui com o povo até a Praça do Japão, o lugar mais mágico de CuriCity! Ficamos lá, no alto da noite, bebendo vinho e um destilado maluco com gosto de expectorante e tocando violão!!! Foi um porre memorável! Eu e Tulheco tentando tocar Strokes, juras de amor etílico com o Marvinícius e aquele frenesi beat bizarro! Era o sonho de Kerouac, de Cassady, de Ginsberg e de toda essa Segunda Geração Perdida dos 40/50! A música, a alegria e o frenesi de bons camaradas comemorando o simples fatos de estarem juntos!
Depois de um bom tempo cada um foi pela sua direção! Chego denovo na casa de Alexandre bem mais sóbrio. Comi um pão e bebi uma coca, joguei um pouquinho de PS2 com ele e dormi no sofá. Que delícia é o sono no frio da Serra do Mar a noite!

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Antropologia da Ganância Aplicada a Formiformes

No meu período de veraneio em Itapoá resolvi fazer um experimento antropológico, só que ao invés de humanos usei formigas. Com cérebros simples e com os sentidos baseados na troca de informações entre umas e outras, formigas são um modo de entender os humanos sem todo o desafio moral de convencer um humano...
O experimento foi o seguinte: Na casa de meu amigo Manubael havia uma mureta baixa e na frente uma arvore de sombreiro. Peguei uma daquelas sementonas do sombreiro, cortei em 6 partes e deixei encima do muro.
Em cinco horas já havia se formado uma trilha de formigas que corria o muro verticalmente. A semente, feita basicamente de celulose, era de difícil digestão para as formigas e por esse motivo elas se agrupavam, cortavam, carregavam e sintetizavam com tanta insistência aquela semente. Elas sabiam que conseguiriam transforma-la em algo útil, digerível e de proveito tanto da colônia quanto delas mesmas.
Mas repente resolvi por minha teoria a prova. Tirei as sementes e as substitui por açúcar. Sacarose semi-pura e prontinha pra digestão. Em dois toques as formigas param, estatizadas. O Maná da Divindade dos Insetos Apócritas estava lá! O Soma. A Solução MÁGICA dos problemas individuais de sobrevivência.
Em 15 minutos a comunicação bioquímica das formigas havia cessado e elas se aglomeravam aos montes encima da pilha de açúcar. Porém a mudança mais sensível foi o término da fila! Aquela fila comprida, focada e funcional havia desaparecido por completo!
Moral da História:  As formigas agem como os seres humanos. Ao verem um desafio natural, se reúnem e tentam molda-lo da forma mais útil possível. Mas ao chegar uma força artificial capaz de pseudo-solucionar tudo o projeto original e o rumo natural são quebrados. A Fila se desmancha e os espíritos se corrompem. A riqueza, o poder e a ostentação fazem a mesma coisa com o bicho-homem...
Tenho medo de minha própria espécie...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Summer '12

Estava lá eu, enfastiado e meio sem saco na Ilha do Desterro. Havia um tempo em que eu estava me programando, mas era demanhã cedo e meu ônibus em 45 minutos estaria saindo em direção a Vila da União (aquele antro de germânicos mal-encarados). Entrei no ônibus, e começou a tocar Arcade Fire no MP-Coiso que eu tinha pego emprestado da minha mãe. Dado um tempo o ônibus parou numa cidadezinha nas proximidades, e entrou um senhorzinho manco e se sentou do meu lado. Como que por mágica começamos a conversar.
Ele era ex-ferroviário, estava indo visitar parentes em CuriCity, era evangélico, porém incrivelmente simpático. Conversamos sobre a geografia da região, algumas coisas relacionadas e religiosidade, comentou sobre o quão a juventude de hoje é unida, e como o senso de camaradagem hoje aparentemente aumentou muito. Não soube o que dizer, só conheço o agora, não tive a honra da experiência de viver no tempo dele...
O ônibus parou na Vila da União, me despedi do senhor.
Num pulo já saltei num ônibus para Garuva, onde minha carona estaria. A viajem para lá foi tranquila e sem nada de interessante.
Chego em Garuva, e lá estava Manubael, sua mãe e seu irmão mais novo! Manubael, o maior expoente da filosofia psiquiátrica de Curitiba, ex-percursionista d'Os Incapazes e grande companheiro. E que, nesse momento, cedia hospitalidade em sua casa de veraneio para minha pessoa!
Entramos no carro coreano maluco da mãe dele e fomos para a casa dele em Itapoá! Que casa linda era aquela casa! Manubael é um garoto de posses, filho de um grande comerciante do Parolin!
No primeiro dia vadeamos, o mar estava revolto. A noite pegamos a cadeiras e tiver altas piras e siderações na praia sobre aquele magnífico céu noturno Itapoaense! Tivemos o princípio de uma experiência transcendental e até vimos um disco voador!
Segundo dia foi mais divertido, entrei  no mar para matar a saudade. Saímos para dar uma volta naquele carro coreano da mãe dele, estávamos de óculos escuros ouvindo raps bizarros selecionados por Manubael. As pessoas olhavam. Eramos dois gigolôs ricos pirando e ostentando inutilidade. Foi engraçado, realmente. Ao final desse dia bizarro a garota do Manubael, uma alemoinha muito simpática, original da Vila da União apareceu em Itapoá, para alegria e delírio de meu camarada! Além disso, ao final da noite vimos Pulp Fiction.
Nos dias que se passaram a música correu solta. Portugal. The Man, Pink Floyd, Móveis, Stones, Fleet Foxes, Florence & The Machine e muito mais, até roubamos um uísque 12 anos do irmão mais velho playboy do Manubael. Foi realmente um achado aquele radinho USB e aquela garrafa perdida!
Eu e Manubael corríamos Itapoá como dois malucos! Eramos uma dupla bizarra. O Leão e o Abutre! O Leão, grande, forte, nobre, simpático, fleumático, capaz de convencer até o mais desconfiado dos corações e o Abutre, magricelo, torto, com longas e emaranhadas penas pretas pulando de um lado pro outro, gritando, rindo exageradamente. Eramos a dupla perfeita, capaz de discutir eruditamente até o mais fútil dos assuntos!
A viajem se aproximava do final. Estava lendo Dostoiévski e Kerouac. Começava a sentir saudades de casa. Puxamos assunto com as vizinhas do lado. Eram três garotas muito simpáticas, porém meio burrinhas. Eram engraçadas, foi legal conversar com elas.
Era sábado, meu ultimo dia lá. Comprei as passagens para Garuva. Joguei Zelda com o irmão caçula dele! O tempo rolou e o sol apareceu. Resolvemos ir na praia pela ultima vez. Entrei no mar. Nadei fundo. Fui pego por uma corrente! Apesar de nadar com destreza, fiquei preso, céus!!! Comecei a nadar para frente, com boa parte de minhas forças. Não saia do lugar!!! Tentei ver a profundidade, era fundo demais! Continuei nadando, e parecia que o tempo tinha parado! Era só eu, fazendo um esforço inútil para me livrar dos cabelos de Sedna e dos braços de Poseidon! O Mar ia me engolir, minhas carnes seriam diluídas no iodo do Oceano Atlântico! Força Vítor, tu consegue. "O mais importante não é ser forte, mas sim se sentir forte!", McCandless já falava! Nadei mais, pude sentir a areia sobre meus pés! Conseguia caminhar, mas cada onda que vinha me derrubava como se eu fosse um pequeno inseto! Mas consegui me arrastar até terra firme!!! Cai deitado da areia! Estava vivo!!! E, apartir deste dia, decidi nunca mais enfrentar o Mar despreparado!
Dormi como uma criança nesse dia.
Era domingo, tinha que pegar a estrada. Lá estava eu, mochila e violão nas costas (foi a primeira vez que levei violão em mochiladas...) entrando em um ônibus para Garuva. Cheguei em Garuva as 13:30, e teria que esperar lá até as 17:10... Estava chovendo lá. Fui no banheiro, bebi água, conversei com dois andarilhos e dei uns trocados para eles. Resolvi subir um morrinho que tinha por lá. Subi e peguei uma pedra, que hoje guardo como troféu!
O ônibus atrasou um BOM tempo. Só chegou 17:40! A viajem foi tranquila. Cheguei novamente na Vila da União. Fui correndo no guichê da viação para entrar no primeiro ônibus para Ilha do Desterro, e meu pedido foi atendido. Meu ônibus sairia as 19:10. Resolvi explorar aquela cidade, terceira maior do Sul do Brasil. Estava com fome! Achei um bar de alemães a umas 3 quadras da rodoviária. Consegui comer uma paçoca de amendoim incrivelmente substanciosa por apenas 50 centavos!!!
Meu ônibus saiu. O problema é que era um pinga-pinga! Tudo quanto buraco semi-urbanizado que passava o ônibus parava. A viajem foi cansativa, eu estava cansado. A viajem foi longa, senti a mesma sensação de eternidade sofrida e interminável que eu tinha sentido no meu princípio de afogamento! Minha mochila cheirava a mar e peixe, meu cabelo já tinha gosto de sal, minha barba coçava, minhas unhas estavam sujas e enormes, tinha areia no pescoço e atrás das orelhas!
Cheguei em Florianópolis as 22:00 e alguma coisa!!! A viajem que, de carro, demoraria 3 horas se transformou numa epopéia de 10 horas!  Estava cansado, mas em casa.
Tomei um banho, coloquei a mochila para arejar, fiz a barba e cortei as unhas e me preparei um pão com ovo.
Estava devolta em casa depois do mais louca veraneada da minha infante vida

(Ôô seu moço, do disco voador, me leve com você, pra onde você foooooooor) -Raulzito