terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte III (Equinócios)

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Domingo, CuriCity, 09:30, frio paracaralho! Metido no moletom que eu tinha levado no mochila fui até o shopping Curitiba procurando por um banheiro, fechado. Era domingo... Segui alguma quadras até algum outro shopping, fechado... Comecei a suar de calor, lembrei da variação de temperatura bizarra de CuriCity... Guardei o moletom na mochila. Fiquei vagando pelas ruas, a mochila pesando nas costas, a luz do sol batendo forte na minha cara, senti novamente a fadiga de vagante.
Larguei mão dos shoppings, fui até um supermercado perto de onde eu morava, o Mercadorama da Praça Ouvidor Pardinho. Fui naquele banheiro decadente. Tirei uma longuíssima faixa de papel-toalha (não tinha papel higiênico lá...)
Aliviado dos meus resíduos metabólicos, resolvi pensar no que fazer. Podia ir na feirinha hippie do Largo da Ordem, mas resolvi ousar. Peguei meu celular e liguei pra Elizabeth... Tuu..tuu..tuu... Ela atende! Que alegria ouvir aquela voz maravilhosa dela!!!
Elizabeth (nas palavras de Lorelai) foi meu grande, quiçá maior, desamor da minha vida! Muito fiz pra impressiona-la, ela me venceu pelo cansaço. Pelomenos ganhei uma grande amiga, uma pessoa que eu tenho confiança plena e admiração profunda!!!
Ela me atendeu, perguntei se podia aparecer no apartamento novo dela. Ela aceitou e me passou o endereço. Desci as ruas do Estádio do Atlético, passei pela reunião de carros antigos (era domingo demanhã), dei uma olhada de fora no meu antigo prédio, a espectral lembrança de eu descendo a rua com meus amigos e falando merda depois da aula... Segui reto mais um pouco. Cheguei na rua dela (que, por sinal, é a mesma rua em que o Alexandre mora...) e procurei o endereço. Me perdi, eu acho. Procurei mais e achei aquele predinho verde setentista, era aquele!!!
Ela desceu, que alegria, que felicidade!!! Lá estava ela, aqueles olhos castanhos e aquele sorriso capaz de amolecer o coração até do mais fleumático dos capitão vernianos! Abracei ela e subimos no apartamento, um apartamentinho lindo, aconchegante e enxuto, onde morava ela, a mãe e a irmã, mas ambas não estavam lá. Soltei minha mochila, coloquei meu MP-Coiso e meu celular pra carregar e ficamos conversando. Conversando muito, por muito tempo, sobre os assuntos mais diversos, dos mais profundos aos mais aleatórios. Resolvi me mostrar um bom visitante e resolvi passar café. Descobri que só sei fazer café forte! Depois de uns erros ridículos no processo, o tal do café ficou pronto. A mãe dela apareceu (Tia Rita, um amor de pessoa), ficou surpresa de me ver depois de tanto tempo! Teve um período antes de eu me mudar em que eu ia muito, muito direto no antigo apartamento delas!
Tia Rita se experimentou meu café, e elogiou. Algo me diz que ela tem uma pira em ver as filhas endireitadas com algum rapaz bacana. A mais velha namora meu antigo professor de música, mas Elizabeth não ta nem ai, e no fundo, no fundo, certa ela!!! O tempo passa e Tia Rita sai denovo. Continua aquela jogação de conversa fora, tanto lindo e tão épico. Graças aos Deuses me curei da apaixonite bizarra que eu tinha por aquela taurina de voz hipnotizante. O senso-comum torto diria que era impossível não ter rolado nada entre dois jovens solteiros sozinhos fechados num apartamento, mas não, não rolou nada e fico incrivelmente feliz e orgulhoso por isso!
Depois de um tempo saio de lá, ela tinha seus compromissos. Agora precisava fazer minhas ligações e ver como seria minha tarde!
Ligo desesperadamente pro João das Interwebs! Depois de uns minutos de negociação convenci ele a ir até o shopping Curitiba! Tínhamos combinado de passar a noite da casa de Eduarda Guanabara (Carioca descariocada). João chegou em meio a chuva, e rapidamente entramos num biarticulado e fomos até o terminal do Cabral. Fomos na casa dele descansar um pouco e pegar a alma da festa, um nintendo Wii! Passei o fim da tarde na casa dele, num subúrbio curitibano perdido e maluco vendo videos de meme, discutindo sobre música, planejando piras futuras e comentando a vida alheia!
O pai dele nos deu carona até um terminal de ônibus que eu não sei onde fica, e de lá encontramos Eduarda e fomos pra casa dela, que eu também não sei onde fica!!! Foi engraçado ver ela depois de tanto tempo! O namorado novo dela tinha mudado ela, pra melhor! Ela parecia mais madura, mas engraçada. Tinha perdido aquele jeito de guriazinha perdida que tenta de tudo pra se afirmar, agora estava segura, feliz e um pouco mais sensata!
Chegamos na mansão nova da mãe dela! Era uma mansão mesmo!!! Uma casa ostensiva, gigante e decorada com um estilo novo-rico bem enxuto! A família dela era legal, a mãe dela era simpática, com umas pitadas de peruísse, o padrasto super receptivo e fã de Pink Floyd e a vó dela, caramba, que avó!!! Parece que a idade só engrandeceu aquela senhorinha que tu julgava ter 17 anos!!! Mas não uma jovem de 17 anos em 1950, mas uma jovem de 17 anos de 2012!!! Vendo sites de memes, vídeos no YouTube, modernizando-se com os tempos. Um exemplo a ser seguido.
Ficamos lá nós três, o antigo trio, como nos velhos tempos. Eu, João e Eduarda, jogando Zelda e Pikmin, falando aleatoriedades e deixando que a inocência de nossas cabeças gerasse coisas imprevistas! Eramos crianças genuínas, e foi tão divertido aquele lampejo de infância!!! Duda insistiu e pagou uma pizza, e que pizza deliciosa!!! Acho que nunca comi uma pizza tão saborosa e tão substanciosa, talvez fale isso pelo jejum da viajem, mas acho que foi porque estava deliciosa mesmo!!!
Ficamos acordados até um bom tempo bebendo Coca e jogando e vendo videos no YouTube. O sono pesou sobre meu corpo...
Explorei a sala da mansão (que era maior que o meu apartamento na Ilha do Desterro!) e subi as escadas. Lá tinha o maior sofá que e já vi na minha vida!!! Um sofá gigante, reto, retangular, geométrico. Sentei nele, deitei nele, dormi nele. Acordei com a Eduarda e o João me sacudindo e mandando eu escovar os dentes. Escovei os dentes, roubei um cobertor e dormi dum lado do sofá, e o João dormiu do outro.
Eu, essa figura torta e comprida coube dum lado. E o João, aquele gigante cabeludo de 1,95 m coube do outro, e ainda sobrou espaço!!!
Dormi profundamente dum jeito que fazia tempo que eu não dormia!!!

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte II (Hey, Listen!)

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Acordei maravilhado. Acordei deitado no sofá, eram umas 08:30 . Levantei e para manter o hábito e o vício, passei um café bem forte, pra animar meus ânimos. Agradeci a Thor pela minha resistência natural a ressaca, fui no banheiro e dei aquela mijada amoníaca pós-bebedeira!
Passei manhã e tarde todo o tempo na casa de Alexandre. E foi demais!!! Improvisamos almoço, andamos pelo subúrbio da fronteira do Água Verde com o Rebouças, recebemos visitas, jogamos video-game, compramos coca e pão, vivemos nossas vidas por própria conta, senti o prelúdio do dia de minha independência.
FracoFranco estava lá junto, dormiu no outro sofá. Hoje ia rolar a festa de aniversário dele! Festa que foi o grande motivo de eu ter ido para lá! Mas era detarde e ainda demoraria a nossa carona chegar.
Tentei ligar para Elizabeth Palaciogarcía (Ex-Rainha dos Meus Sonhos), mas ela não me atendeu...
Recebemos informações das caronas! Alexandre levaria a namorada, a irmã dele e uma amiga, além do GagoGazi Johnson (Uma Indelével Marca). O pai de Marvinícius levaria eu, FracoFranco, Barbarela, Rei Filipe, O Messias, além do próprio Marvinícuis.
Nossa caravana parou no terminal do Cabral (que, por sinal, vai ser bem importante nos 'próximos capítulos'). De lá pegamos os ônibus que nos levariam até a casinha do meio do mato do FracoFranco!
Chegamos nas proximidades e pulamos do ônibus pra recolher uma amiga dele, a Saria. Uma guria mágica, uma pessoa que tu não acreditaria que morasse naquele fim-de-mundo, ela foi uma das maiores alegrias da festa!
E seguimos nós saltitantes até a cabana do FracoFranco, a divisão do Alexandre já tinha chegado! E lá estava o GagoGazi, que alegria tive em reencontrar aquele filho-da-puta!
A festa começou!!! Tirei meus calçados, queria sentir o frio do mato de pés descalços). O Messias instalou o PS3 (Deus) em uma televisão e FracoFranco instalou um Nintendo 64 (Jeová) em outra! A nerdice, a eletricidade, a comida e a conversa fluíam maravilhosamente! Alguns acordes perdidos de violão rasgavam a festa, havia coca e vinho e alegria e risadas de todos os lados. A festa se complementou com a chegada de Háteras Oliveiralves (Capitão Sem Brigue) e Tulheco, e esses piratas perdidos traziam rum e mais vinho!!! Fizemos um torneio de Marvel vs. Capcom 3, ganhado pelo Alexandre! Tulheco fez desenhos, estava já embriagado. Resolvi testar meus dotes de cozinha experimental e preparei várias e várias doses de café com rum! Que delícias tava aquele negócio!!
Fomos saltitantes levar Saria na casa dela, e lá estava eu de pés descalços no meio daquela estradinha rural. Era um caminho lindo, era 02:00 da madrugada!!! Conversávamos, riamos, cantávamos, contávamos piadinhas sem-graça (principalmente o GagoGazi!) e pulávamos uns nas costas dos outros! Eramos um bando de crianças descobrindo a realidade do mundo e vendo que a realidade podia ser menos cruel e que nós podíamos ser menos cruéis com nós mesmos!!!
Chegamos devolta a casa. O Messias estava trêbado, eu estava dormindo em posição fetal no canto de um sofá, as gurias tinham ido dormir, e uma galera tava lá acordada jogando Castle Crashers! Acordei com minha perna doendo por ter ficado dobrada e com meus pés congelando no frio e no sereno! Háteras, Tulheco, Rei Filipe, Marvinícius e Barbarela desapareceram, voltaram pra civilização sem eu ver. Me esparramei no sofá, podre e doido...
Acordei rapidamente, com FracoFranco jogando do meu lado, GagoGazi e o Messias conversando. FracoFranco lembrou que tinha que ir para o serviço (trabalhava numa livraria agora!) e Alexandre reuniu eu, a namorada dele, Messias e GagoGazi dentro do carro e lá fomos nós devolta a CuriCity! Nos despedimos calorosamente de FracoFranco e seguimos viajem! Ficamos ouvindo Confraria da Costa e pirando! Largamos o Messias na casa dos pais dele.
Alexandre perguntou onde que eu queria que ele me soltasse. Era domingo, 09:30 da manhã. Não tinha combinado nada com ninguém. Pedi que ele me deixasse na Praça Oswald Crux.
Me despedi do pessoal no frio matutino curitibano e se iniciou o que seria o domingo menos domingo da minha vida!!!

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Curitiba em Janeiro- Parte I (Senza Confini)

Mal parei direito na Ilha do Desterro e o uivo lancinante da Estrada já se fazia perceber nos meus ouvidos! Estava de saída para CuriCity, onde vivi longos e agradáveis 3 anos e meio. Sexta-feira saía meu ônibus. Organizei alguns posos, porém não todos (queria um pouco de incerteza nessa viagem)! Enchi com roupas, livros e comida a velha mochila da Telecom Italia Mobile (Vivere senza confini) da época que meu pai trabalhava lá!
Levantei cedo e fui correndinho até a rodoviária. A viagem foi tranquila, mas cansativa... Paramos em dezenas de rodoviárias microscópicas e ficamos um bom tempo parados na Vila da União! Depois disso teve a subida da Serra do Mar. Ah, que subida maravilhosa! Os morros, a paisagem, a pressão batendo nos ouvidos e a alegria de ver uma imensidão estética e ter a certeza de que perdida no meio desses morros, existe uma cidade onde tu vai parar e ficar por um bom tempo!!! A estrada entre a Ilha do Desterro e CuriCity é linda, muito, muito linda!
Na entrada de CuriCity o ônibus começou a demorar. Um engarrafamento gigante na Avenida das Torres, lembrei que estava indo pra maior cidade do Sul do Brasil! Com 40 minutos de atraso cheguei na rodoviária e sou recepcionado com uma nebulosidade e uma garoa gelada tipicamente curitibana. Estava indo encontrar meu amigo Marvinícius e a namorada dele, Barbarela Satúrnia (Sagitariana Caricata) e tive o prelúdio de o quão cansativas seriam as caminhadas nessa viajem! No caminho encontrei Yurie Oda (Uma Das Mais Doces Filhas do Sol Nascente), foi realmente legal encontrar pessoas sem prever! Encontrei Marvinícius e Barbarela numa livraria e Barbarela parecia outra pessoa! Ela tinha mudado muito dês de a ultima vez que a tinha visto! Fiquei sabendo de uma festa que aconteceria mais a noite, mas não soube responder se iria. Mais tarde encontrei Alexandre Wayne (o Vigésimo Segundo Homem-Murgueço) e o Messias! Estava combinado previamente que passaria a noite na casa de Alexandre, e fomos eu, ele e o Messias até lá. Ficamos um tempinho conversando aleatoriedades, compramos coca-cola e passamos café.
Mas dai um dos eventos mais divertidos e inesperados aconteceu! A festa que Marvinícius tinha falado FOI ANDANDO até a casa de Alexandre!!! Movidos também pelo fato do organizador da festa, Rei Filipe (O Químico Truão) namorar a irmã do Alexandre. Resolvi acompanhar a festa, porém Alex preferiu ficar na casa dele! E QUE FESTA!! Estavam lá Marvinícius, Barbarela, Tulheco, FracoFranco, Rei Filipe e mais um pessoal!!! A festa podia ser interpretada como uma festa surpresa de aniversário pro FracoFranco (por mais que a festa oficial estivesse marcada pro sábado)! A festa do sábado foi a grande motivo que me levou a ir até lá!!! Mas, voltando. Segui com o povo até a Praça do Japão, o lugar mais mágico de CuriCity! Ficamos lá, no alto da noite, bebendo vinho e um destilado maluco com gosto de expectorante e tocando violão!!! Foi um porre memorável! Eu e Tulheco tentando tocar Strokes, juras de amor etílico com o Marvinícius e aquele frenesi beat bizarro! Era o sonho de Kerouac, de Cassady, de Ginsberg e de toda essa Segunda Geração Perdida dos 40/50! A música, a alegria e o frenesi de bons camaradas comemorando o simples fatos de estarem juntos!
Depois de um bom tempo cada um foi pela sua direção! Chego denovo na casa de Alexandre bem mais sóbrio. Comi um pão e bebi uma coca, joguei um pouquinho de PS2 com ele e dormi no sofá. Que delícia é o sono no frio da Serra do Mar a noite!

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