sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Primeiro Frio

Não adianta, o Frio sempre volta.

As terras podem mudar, os quilômetros avançar, mas não adianta, algumas coisas não mudam nunca.
Perdi meus cabelos, mas não perdi minhas certezas. Não perdi nem as certezas que eu desejaria perder.
Aqui estou eu novamente, conversando comigo mesmo pelos dedos em um teclado QWERTY e ouvindo as mesmas músicas tristes. As canções tristes devem ser as primeiras canções que os bichos Homo sapiens devem ter começado a cantar. O uivo dos lobos, o assovio dos ventos por entre as folhas das arvores, os pés descalços gelados e sujos no chão. A Solidão.
A Solidão é onipresente, só é esquecida por nós as vezes. A Solidão tem efeitos estranhos. Acho que minha solidão se uniu aos meus ossos. Minha solidão está impregnada na minha pele, nos meus pelos e poros, nos meus pulmões e músculos e ossos.


Daqui a algum tempo tu vai me encontrar e eu só vou estar querendo sossego. Tu vai me encontrar com a mesma cara, e as pontas dos meus dedos vão continuar geladas. As pontas dos meus dedos sempre são geladas, mesmo enquanto eu tomo meu chimarrão ou meu chá preto. Tu vai me encontrar ouvindo as mesmas músicas tristes, de boina, barba e cuia. Tu vai me encontrar e eu já vou ter aceitado minha solidão. Tu vai me encontrar e eu vou estar em casa, agasalhado, ouvindo as mesmas músicas tristes e com as pontas dos dedos geladas. Meu coração gelado? Meu coração nem mais sinto, mas acho que ele perdeu um pouquinho o gosto em se aquecer...

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