segunda-feira, 24 de março de 2014

Nomeclatura Rebuscado-Bioquímica Associada ao Ambito Social e Sentimental


Amores fisiológicos
Lealdades anfipáticas
Labores robóticos

Coerções alostéricas
Imposições cáusticas
Verdades elétricas

Ócios sobrenadantes
Comércios infecciosos
Apoptoses constantes

E pra manter a pose
Em nome da ciência
vou deixar a referência:
RIGOTTI, 2014


domingo, 23 de março de 2014

Olhando para trás...

Faziam mais de meses que o rapaz estava de namoro sério com a ex-ficante de um amigo dele. Segundo todas as fontes oficiais, o termino dos dois tinha sido tão abrupto e esquisito quanto o começo do relacionamento. Com o lance rompido, a garota estava livre para viver o amor que quisesse, e encontrou no amigo de seu antigo rapaz a sua alma gêmea. E os dois formavam um dos casais mais felizes da face da Terra.

Um dia os dois amigo se reencontraram. O rapaz encontrou seu amigo sentado quieto e taciturno em um banco na praça, fumando um cigarro barato de papel. Ele já presumiu o que se passava na cabeça do amigo, e não entendeu...  Não faziam meses que eles tinham terminado? Ele já não tinha lhe falado um milhão de vezes de como o relacionamento dos dois era complicado? Porque diabos haveria ele de estar com aquela cara amarrada e aqueles olhos pesaroso?

O amigo olhou para o rapaz e falou:
-Pois é, meu caro... Ontem resolvi parar e olhar pra trás...
-Como assim? -responde o rapaz-
-Sobre tudo, sobre as paradas, sobre a Solidão, essa linda...
-Ainda não saquei...
-Então cara, ontem resolvi parar um pouquinho pra pensar, e cheguei numa conclusão interessante! É meio bad, mas quer ouvir??
-Ah, manda!
-Olha, é até bonito de falar. Cheguei a conclusão de que "estamos sempre sozinhos. E que, na Escuridão, até nossa sombra deixa de nos acompanhar!" Bonito, não??
-Bah, pesado!

Depois do dialogo o rapaz só viu seu amigo dar uma risada breve e uma longa tragada no cigarro. Nisso tudo fez sentido. Ele não sentia falta da garota, ele não estava com ciúme, com inveja ou com algum outro sentimento baixo desses, ele era esclarecido demais pra isso! Ele estava sozinho, pura e simplesmente, ele estava sozinho e sentindo falta do que poderia ter acontecido... E agora ele estava lá, desabafando. Desabafar é bom, sempre. Desabafar sobre a tristeza é como fumar um daqueles cigarros de papel baratos. Você pega o teu desconforto, ateia fogo nele, e aquilo te faz mal enquanto desaparece em fumaça, até sumir por completo e pra sempre!

terça-feira, 11 de março de 2014

Biologia-II


O Sol quente caindo pela janela,
E os mosquitos picando a canela...

O tédio completo alcança níveis excruciantes
E as certezas de agora divergem das de antes

A caminhada é longa
A rotina é uma outra
A comida é pouca
E o vento sopra contra.

Prefiro acreditar na força dos meus braços
E no passar dos dias
Pra fazer brotar vida nestes solos escassos.

A força dos ideais sempre ressurge,
mas é complicado andar descalço na urze
para quem passou vida inteira na urbe.

O homem moderno tem ideias muito erradas de o que é a Natureza. Para o homem urbano é fácil encarar ela com desprezo ou com fascínio, pois é algo abstrato a sua realidade cotidiana. Só digo que é perigoso ver ela como um paraíso na Terra... 

Mas sou um hipócrita ao falar isso...
Por que ainda vejo tudo sob filtros românticos
Vendo equilíbrio e sílfides e cânticos
Onde na verdade só tem mato...
Lá precisa-se perder o tato
os gostos e confortos
a viver como os Espartanos.

Mas não adianta...
Passam-se os dias
Passam-se os anos
E eu continuo russeauniano!