sexta-feira, 20 de junho de 2014

03:53

Nada mais efêmero e transitório que a nossa ilusão sobre o que é e o que seria o hipotético "fundo do poço".
O fundo do poço não tem lugar, o poço não existe, e essa metáfora toda soa bem errada.

Se definirmos o "fundo do poço" como um adiantamento na nossa inevitável marcha de nascimento-convalescença-envelhecimento-morte, bom, então o tal do fundo do poço continua sendo bem evitável.

Mas e se definirmos como "fundo do poço" a quebra de algumas condições psicológicas (ou psicossomáticas, dependendo do caso), quebras que levariam a um adiantamento do perecimento do corpo? Bom, daí nos expandimos muito mais os horizontes e criamos um espectro muito mais amplo sobre o tal do "fundo do poço".

Ah, sejamos existencialistas por um instante e vamos parar com essa história toda. Vamos estabelecer o "fundo do poço" no nosso fim das atividades metabólicas, no fim das nossas efemérides heroicas e do fim de nossa vida carnal como um todo. Morrer é a hipótese de "fundo do poço" mais simples e abrangente, o resto é tudo bobagem.

E, bem, convenhamos, viver vivão e são das idéias e seguir firme e tranquilo até a velhice é um negócio que a nossa espécie está fazendo com maestria nesses últimos séculos. Sim, ainda tem muito o que melhorar, mas essa é uma discussão sobre nós enquanto indivíduos e não de nós enquanto espécie. Essa é uma discussão sobre como espantar os fantasmas destes possíveis "fundos do poço".

FUNDO DO POÇO
PROFUNDO
DOPOÇO
PROTEJO
TENTO
PREFIRO
REFIRO
SUSPIRO
SUSTENTO
SUSPENDO
LAPIDO
SER BRUTO
.
SOU FUNDO
NO
TUDO
QUE
POSSO.


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